IA como ferramenta

Minha trajetória profissional sempre esteve ligada à criação de experiências com propósito.
Comecei como Product Manager, mas com o tempo, fui sendo atraída pela investigação mais profunda do comportamento humano, das motivações e das dores que muitas vezes não aparecem nos dados brutos.

E foi ai que a inteligência artificial passou a ocupar um lugar importante — não como modinha, nem como atalho, mas como uma parceira estratégica.

Antes da IA: esforço alto, baixo retorno

Se você já trabalhou com pesquisa qualitativa, sabe o quanto o processo pode ser exigente: entrevistas longas, transcrições manuais, organização de achados, e a pressão constante de transformar tudo isso em algo útil para o time de produto.

Eu me via gastando mais tempo limpando e organizando dados do que realmente pensando sobre eles. E isso me frustrava. Porque o valor da pesquisa não está na tarefa operacional, mas na capacidade de gerar sentido — e fazer as perguntas certas.

A virada: integrar IA com intenção

Comecei a experimentar ferramentas de IA com um objetivo muito claro: tirar fricção do processo para poder focar na análise crítica e na comunicação estratégica.

Mas usei com cautela. Sem abrir mão do olhar humano, da escuta atenta, da empatia.
A IA passou a me ajudar a:

  • Refletir melhor sobre as perguntas que eu estava fazendo

  • Explorar padrões iniciais em entrevistas

  • Criar visualizações que facilitam o entendimento dos achados

  • E até pensar em metáforas que conectam dados e emoções

Ela virou uma extensão da minha capacidade analítica e criativa.
Uma espécie de copiloto — mas quem continua dirigindo sou eu.

Um exemplo prático

Em uma pesquisa recente sobre educação digital, segui um processo híbrido:

  1. Realizei entrevistas qualitativas com estudantes

  2. Transcrevi e limpei os dados com apoio de IA

  3. Fiz uma pré-análise com sugestões de agrupamentos por semântica

  4. Criei representações visuais das principais dores e motivações com IA de imagem

O resultado? Um relatório mais claro, mais envolvente e mais útil para o time de produto — inclusive para quem não está acostumado com pesquisa qualitativa.

O que eu aprendi nesse processo

A IA não substitui minha análise. Ela potencializa meu olhar.

Usar IA com propósito me permitiu:

  • Ser mais rápida sem abrir mão da profundidade

  • Ser mais estratégica na forma de comunicar resultados

  • E até experimentar novos formatos de entrega — como este carrossel que criei com o apoio de IA em cada etapa

IA com propósito é sobre fazer melhores perguntas

A tecnologia, sozinha, não entrega boas decisões.
Mas quando usada com intenção, ela pode ampliar o que a gente tem de melhor como pesquisadoras e designers: o olhar curioso, a escuta ativa e a capacidade de fazer conexões relevantes.